A vida simples do campo !!!

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segunda-feira, 12 de março de 2012

A vida sendo olhada da janela


VOU-TE CONTAR: 10. Da jardinagem como ramo da poesia

Mal saí da curva fiz pisca à direita e apontei a frente do carro ao portão. Depois saí para o abrir. Uma cama de folhas opôs suave resistência ao empurrão com que costumo abrir as duas portas gradeadas de ferro do portão.
É um perfeito fim de tarde do princípio do mês de e Agosto e a luz espelha-se em dourados, o jardim está lindo, desmente que aquela casa está desabitada há mais de um ano! Abençoada a ideia, a decisão de mantermos o Sr. Alfredo, jardineiro da casa desde a sua construção, a ir lá duas vezes por semana, cuidar do quintal.
Não foi um contrato muito alegre, aquele que se estabeleceu para manter funções numa casa onde não habita ninguém, onde deixa de haver com quem troque uma laracha a meio da manhã, onde deixou de haver uma sandes e cerveja a meio da tarde. Mas o Sr. Alfredo gostou da ideia, ficou contente por manter a ligação à casa e a nós, perguntou se podia cultivar uma pequena horta pessoal na parte de trás do quintal, reocupar o galinheiro, há muito abandonado e castanho de ferrugem, com uma ou duas aves poedeiras.
“Achas que sim?”, perguntou a minha irmã Susana quando me ligou a expor a ideia, "não achas a ideia demasiado louca?"
“Sim, que dizer: não! Claro, claro que sim.”
O meu pai havia de gostar, pensar aquele quintal abandonado seria para ele tremendo desgosto. Todos os dias da sua vida, mais religiosamente ainda na parte final, ele dava uma volta completa ao quintal, sabia de cor quantos gomos tinham nascido nessa semana em cada uma das árvores de fruto, quantos pêssegos tinha cada um dos três pessegueiros-anões.
“Só este tem 73, este ano estão carregadinhos”, dizia com prazer.
Das árvores de fruto, o enorme limoeiro era o seu maior sucesso. Já por ali estava quando a casa foi construída, fazia parte da pequena quinta que era o quintal da casa dos meus avós, calhou-nos em herança junto com uma nespereira e um marmeleiro que entretanto secaram, mas, de repente, deixou de dar limões. Crescia e reverdecia em pujança, mas estéril. Desgostoso, o meu pai, num excesso terapêutico que nem quadrava com a sua habitual sensatez clínica, aplicou-lhe em simultâneo os dois remédios usados na sua aldeia natal em circunstâncias análogas: espetou-lhe um grande prego ferrugento no tronco e encheu a base da árvore de pancada, como quem dá uma coça num filho desobediente, a ver se aprende.

Com um grau de miraculosidade gémeo da oração a Santo António para encontrar objectos perdidos, o limoeiro desfez-se em limões e nunca mais cessou de o fazer: há limões todo o ano, uma curta excepção para o tempo em que em vez de frutos ele anuncia a chegada das suas lanternas amarelas produzindo flores de perfume meridional.
Extasiado com a visão do jardim, estacionei o carro no fim da rampa, tirei as malas para fora e fui dar uma volta antes que anoitecesse de vez.
Venho, sozinho, passar duas semanas de férias nesta casa, antes que ela se estrague em demasia por estar fechada, por se sentir só.
O Sr. Alfredo deve ter estado por aqui hoje ou ontem, nota-se na terra regada e no ruborizado consolado dos tomateiros. créditos 
http://www.semcompromisso.com/2010_06_01_archive.html   
Árvores, janelas e vinhos

Na falta de conexão para me inspirar... fotos!



O céu de Garibaldi, praticamente sem poluição, é muito mais azul do que o céu de Porto Alegre. Mesmo com uma câmera precária como a minha, basta enquadrar uma das tantas árvores floridas que encontro caminhando pelas ruas e o resultado é esse.


Essa é a janela da sala de estar que dá para o quintal. As bergamotasainda não aparecem.



A vista de uma das janelas do meu quarto. Bem ao fundo apareceuma das casas da família Peterlongo.




Da mesma janela, uma manhã de nevoeiro. Não, não é foto do inverno passado, apenas do mês passado. Coisas de Serra Gaúcha.



Fim de tarde quente com um dos meus vinhos brancos favoritos, oPizzato Chardonnay. Essa garrafa é da safra 2006, ainda deliciosa. Figos do nosso quintal, devidamente provados pelos passarinhos.



Perdida entre tantas, achei essa foto, tirada em outubro em Porto Alegre. Também de um vinho branco delicioso, provado uma única vez, mas suficiente para deixar um gosto de quero-mais. Colomé Torrontés, um daqueles vinhos que dá um dó sem tamanho quando a garrafa termina.

http://esoumdiario.blogspot.com/ créditos

3 comentários:

  1. Oi Erica,obrigado por suas visitas nos meus bloguinhos,os seus são o máximo.Gostei de todos.Um beijo...Lili.

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  2. Você me fez voltar no tempo,à casa onde morei e fui praticamente obrigada a vender,por falta de um senhor jardineiro que dela cuidasse,e,a cada vez que eu voltava a encontrava em um pior estado de conservação.Hoje ela habita a minha lembrança e nuca mais quis lá voltar.
    Que bom que a sua casa não teve o mesmo destino...e espero que continues a obra de teu pai.Parabéns!
    Bjsssss,
    Leninha

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  3. Lindo post, belíssimas fotos...me emocionam. Amiga estava com saudades de suas belas postagens, adoro lê-las.
    bjus!
    yves

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"Por favor, para entrar aqui agora
é preciso pés descalços e
nenhuma armadura.(...)Não existe tristeza em mais
nenhum canto desta casa,fique a vontade!

folhas


ventos tragam coisas boas e levem as ruins

fundos



....



estrelinha